Meu ditador favorito

A idolatria de personalidades cult é um fenômeno comum em diversas sociedades. Em muitos casos, líderes políticos e religiosos são endeusados por seus seguidores, que os veem como apostolados de uma nova era, portando a verdade para as massas ignorantes. Esse fenômeno também pode ser visto em ditadores, que, mesmo com históricos obscuros de opressão e tyrannia, conseguem cativar muitos admiradores. Nesse contexto, surge a questão: como é possível que algumas pessoas idolatrem líderes tirânicos? E, mais ainda, como podemos refletir sobre essa prática e seus perigos?

Antes de mais nada, é importante lembrar que ditaduras são, em última análise, governos que se baseiam no autoritarismo. Em outras palavras: o poder é concentrado nas mãos de poucos, que usam força e violência para manter a ordem. Ditadores, portanto, não são líderes democráticos, que buscam o consenso e a participação dos cidadãos em suas decisões. Pelo contrário: sua autoridade é baseada no medo, na repressão e no controle dos meios de comunicação. É inegável, portanto, que idolatrar um tirano é, no mínimo, questionável.

A questão é: por que, mesmo assim, tantas pessoas se sentem atraídas por ditadores? Uma hipótese é a de que a idolatria é um fenômeno comum em tempos de crise. Quando as instituições políticas e sociais falham, quando há incerteza e desespero entre a população, é mais fácil buscar a segurança em uma figura carismática, que pareça ter todas as soluções. Isso pode ser visto em diversos momentos da história: da ascensão de Hitler na Alemanha à popularidade atual de líderes autoritários como Vladimir Putin e Donald Trump.

Outra hipótese é a de que a personalidade cult de ditadores é eficaz ao manipular as emoções e os desejos dos indivíduos. Ditadores costumam ter discursos simples, emocionais e populares, que criam uma sensação de identificação com as massas. Ao mesmo tempo, sua encenação de força e carisma intensifica essa sensação de magnetismo. É como se o tirano fosse uma espécie de espelho dos anseios do povo, projetando um ideal de grandeza e poder que as pessoas querem seguir.

Mas idolatrar um ditador é perigoso. Além da evidente violência e opressão que caracterizam regimes autoritários, a idolatria implica em cegueira e fanatismo. Quando um líder é idolatrado, suas ações são vistas como acima de qualquer questionamento ou crítica. O discurso crítico é silenciado, e o controle social se torna cada vez mais rígido. Em piores casos, a idolatria pode levar a atrocidades, como guerras, genocídios e crimes contra a humanidade.

Portanto, é importante refletir sobre a idolatria de personalidades cult, especialmente ditadores. Ao invés de buscar a segurança em figuras autoritárias, a sociedade precisa fortalecer suas instituições democráticas e seus valores de liberdade e justiça. A crítica e a reflexão são essenciais para uma sociedade livre e equilibrada, e só podem existir quando há espaço para questionar o poder. Que esta reflexão ajude a combater a tirania e a construir um mundo mais justo e humano.